o texto abaixo tem o tom desagradável da propaganda, por fazer parte do desagradável ritual de auto-promocão a que os artistas são submetidos para ter seus trabalhos aceitos por curadorias e outras catervas. para a minha surpresa, tem alguma informação nele que, acredito, possa ser de utilidade para entender a minha obra.
se é que existe alguém realmente interessado nisso.
gabinete
Meu trabalho é uma espécie de diário pessoal, um work in progress composto por desenhos, pequenas esculturas feitas com objetos encontrados casualmente em meu cotidiano e textos de minha autoria, apresentados tanto em forma de publicações quanto de legendas “explicativas” das obras. O tom dessas legendas, assim como o de toda a minha obra é o do humor, que vai da ironia leve à sátira feroz do establismenth, das idéias feitas e das vertentes reacionárias em geral. O seu aspecto é o de uma grande história em quadrinhos multidimensional, mas que, ao invéz de desenvolver um roteiro prévio com imagens que o reafirmam, como nas histórias tradicionais, desenrola-se por meio de uma série de imagens disparatadas, produzidas sem um fim premeditado, ou seja, seguindo o ritmo do diário pessoal, com suas características mudanças de interesses e assuntos. O fato de trabalhar com objetos encontrados e escolhidos ao acaso no meu dia-a-dia - de móveis a brinquedos - aumenta ainda mais a indeterminação e aleatoriedade de minha obra.
A imagética que acaba por emergir dessa obra, entretanto, tem procedência. E dupla. De um lado da chamada geração X (nascidos entre 67 e 77), ou seja, dos gibis de Moebius e de seus companheiros da Metal Hurlant, dos filmes de aventura como Conan, Blade Runner e Caçadores da Arca Perdida, do rock e a moda New Wave. De outro, de minha própria formação artística, formalmente vinculada ao Concretismo brasileiro, mas contaminada justamente pelas tendências internacionais do pop dos anos 80.
Realizo minha obra diariamente, sem um projeto prévio que a viabilize, ou que viabilize uma visão abrangente dessa obra. Não existe um ponto acima de onde se possa enxergar meu projeto como um todo. Seu aspecto se modifica de acordo com o lugar onde ela é instalada: na galeria tradicional, na galeria alternativa ou no museu. A arquitetura, e não só em sua forma, mas como representante de determinadas idéias institucionais, tem parte fundamental na organização de minha exposição. Como em todo o resto, procuro posicionar minha montagem de forma crítica e ácida com relação ao lugar que a acolhe, mimetizando ironicamente o ambiente, como a tradicional bancada de museu etnográfico para o museu universitário ou a estante feita de móveis encontrados na rua para a galeria alernativa em Barcelona. Os subtítulos, que me acompanham desde 2005, são talvez o índice mais legível dessa postura, que vai da enumeração óbvia dos objetos cotidianos no meu próprio atelier-casa, até a piada anti-colonialista no museu terceiro-mundista ansioso por seguir vertentes da arte internacional.
A outra parte da minha “obra” acontece na web, por meio de e-mails para uma lista cada vez maior de pessoas, nos quais divulgo textos e imagens de minha autoria. Em cada exposição trato de publicar um fac-símile desses fólios mensais, com títulos que vão desde “Chegou o vanderley - fanzine de word” até o atual “O poder do pensamento negativo – como destruir a sua vida e das pessoas que você ama em duas lições”. Como se pode notar, também nas publicações, o humor disparatado, e encharcado de crítica social é a maior constante e termômetro de minha obra, e trata de se ocupar pretensiosamente de temas que vão dos manuais de auto-ajuda ao imperialismo americano.
Meus artistas prediletos são Paul MacCarthy, Mike Kelly, Kippenberg, Mark Manders, Thomas Hirschhorn, Ylya Kabakov, Hélio Oiticica e Joseph Beuys. Dos antigos modernistas, Malevitch, Mondrian, Morandi, Giacometti e dadaístas como Schiwters. Minha base "teórica", minha visão, vêm do materialismo histórico de marxistas como Adorno, Argan, Gramsci e Jameson. Principalmente desse último, do qual pude extrair a maior parte das idéias capazes de descrever minha obra.
A imagética que acaba por emergir dessa obra, entretanto, tem procedência. E dupla. De um lado da chamada geração X (nascidos entre 67 e 77), ou seja, dos gibis de Moebius e de seus companheiros da Metal Hurlant, dos filmes de aventura como Conan, Blade Runner e Caçadores da Arca Perdida, do rock e a moda New Wave. De outro, de minha própria formação artística, formalmente vinculada ao Concretismo brasileiro, mas contaminada justamente pelas tendências internacionais do pop dos anos 80.
Realizo minha obra diariamente, sem um projeto prévio que a viabilize, ou que viabilize uma visão abrangente dessa obra. Não existe um ponto acima de onde se possa enxergar meu projeto como um todo. Seu aspecto se modifica de acordo com o lugar onde ela é instalada: na galeria tradicional, na galeria alternativa ou no museu. A arquitetura, e não só em sua forma, mas como representante de determinadas idéias institucionais, tem parte fundamental na organização de minha exposição. Como em todo o resto, procuro posicionar minha montagem de forma crítica e ácida com relação ao lugar que a acolhe, mimetizando ironicamente o ambiente, como a tradicional bancada de museu etnográfico para o museu universitário ou a estante feita de móveis encontrados na rua para a galeria alernativa em Barcelona. Os subtítulos, que me acompanham desde 2005, são talvez o índice mais legível dessa postura, que vai da enumeração óbvia dos objetos cotidianos no meu próprio atelier-casa, até a piada anti-colonialista no museu terceiro-mundista ansioso por seguir vertentes da arte internacional.
A outra parte da minha “obra” acontece na web, por meio de e-mails para uma lista cada vez maior de pessoas, nos quais divulgo textos e imagens de minha autoria. Em cada exposição trato de publicar um fac-símile desses fólios mensais, com títulos que vão desde “Chegou o vanderley - fanzine de word” até o atual “O poder do pensamento negativo – como destruir a sua vida e das pessoas que você ama em duas lições”. Como se pode notar, também nas publicações, o humor disparatado, e encharcado de crítica social é a maior constante e termômetro de minha obra, e trata de se ocupar pretensiosamente de temas que vão dos manuais de auto-ajuda ao imperialismo americano.
Meus artistas prediletos são Paul MacCarthy, Mike Kelly, Kippenberg, Mark Manders, Thomas Hirschhorn, Ylya Kabakov, Hélio Oiticica e Joseph Beuys. Dos antigos modernistas, Malevitch, Mondrian, Morandi, Giacometti e dadaístas como Schiwters. Minha base "teórica", minha visão, vêm do materialismo histórico de marxistas como Adorno, Argan, Gramsci e Jameson. Principalmente desse último, do qual pude extrair a maior parte das idéias capazes de descrever minha obra.
2 comentários:
E o Rivaldo, Rafa? Você esqueceu o Rivaldo!
Ufa!
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